Meça o raio da Terra sem sair de casa!
O mundo
é uma bola! Aqui, claro, no sentido de ser quase esférico. Mas algumas pessoas
são uma bola, aqui no sentido de comicidade, por pensarem que a Terra á plana! São
pessoas que preferem acreditar mais em magos, livros sagrados etc. do que na
realidade.
A Terra é quase uma esfera e podemos medir seu raio sem sequer precisar sair de casa.
Medir o
raio da Terra não é nenhum fim de mundo e hoje há muitas formas de fazer isso. Por
exemplo, veja esta maneira. Tóquio está quase exatamente do outro lado do Mundo
em relação a São Paulo. Um voo de São Paulo a Tóquio é feito em duas etapas, por
exemplo, uma de São Paulo a Los Angeles e outra de Los Angeles até Tóquio, rota
essa que é (quase) o caminho mais curto entre as duas cidades. A duração total
do voo é de 23 horas, aproximadamente. Como os aviões de passageiros que fazem rotas
longs viajam a cerca de 900 km/h, algumas contas são suficientes para concluir
que meia volta na Terra dá 20,7 mil quilômetros e mais algumas contas para
concluir que o seu raio é de aproximadamente 6.500 km.
Mas há
uma forma bem interessante de se calcular o raio do nosso (quase) esférico planeta,
usada há mais do que dois mil anos pelo filósofo, matemático, geografo, poeta,
astrônomo ... grego Eratóstenes, possivelmente uma das primeiras pessoas, se
não a primeira, a medir o raio da Terra. Não está clara a forma exata que
Eratóstenes usou, mas uma descrição simplificada e didática apresentada por
outro filosofo grego, este um astrônomo, Cleomedes, é mostrada a seguir. Vamos lá.
Como o
Sol está muito distante de nós, cerca de 150 milhões de quilômetros, seus raios
de luz chegam à Terra praticamente paralelos uns aos outros. Assim, a sombra de
um poste vertical pode variar de lugar para lugar em uma mesma hora do dia
apenas por causa de sua posição na Terra.
Vamos
ver o que ocorre quando o Sol está na posição mais alta no céu, o que acontece
por volta do meio-dia (não exatamente ao meio-dia por causa dos horários
oficiais adotados pelos países). Nesse instante, a sombra de um poste e de
qualquer coisa vertical é a menor possível e isso em qualquer local ao longo de
um mesmo meridiano.
Veja na figura o que acontece com a sombra de três coisas verticais com mesmas longitudes: o tamanho da sombra depende da latitude de cada uma delas.
Se R for o raio da Terra e D a distância entre os dois postes, então R(a+b)=D (isso vale se os ângulos a e b forem medidos em radianos). Essa equação permite calcular o raio se conhecemos os ângulos e a distância D.
Um exemplo. A
distância entre São Paulo e São Luís, no Maranhão, duas cidades com (quase) a mesma longitude, é
de 2350 km. No solstício de verão do Hemisfério Sul, que ocorre entre os dias
21 e 23 de dezembro, o Sol está a pino na cidade de São Paulo. Mas em São Luís
haverá uma sombra de um poste na vertical e o ângulo será de aproximadamente
21º (ou 0,37 rad). Uma conta mais ou menos simples indicará um raio de 6,4 mil
quilômetros.
Procure alguém
para se corresponder em alguma cidade que esteja no mesmo meridiano que a
cidade onde você está (mesma longitude). Combine com essa pessoa e meçam
aqueles ângulos indicados por a e b na figura 2. Com algumas
contas vocês dois poderão estimar o raio da Terra.
Vale observar que
quanto maior a distância entre as duas pessoas, maior a precisão. Se você não
encontrar nenhuma pessoa para se corresponder em uma cidade no mesmo meridiano,
não é um grande problema. Por exemplo, você pode pedir para ela medir o ângulo
quando a sombra for a menor do dia. A distância D sobre a superfície da
Terra que você deve usar não é a mesma que entre vocês, mas entre dois
paralelos sobre os quais estejam as duas cidades.
Enfim, a Terra não é plana e é fácil e interessante (e divertido?) medir seu raio e achar muitas formas diferentes de fazer isso. Mas não pense que as pessoas que se negam a acreditar que nosso planeta não é plano o façam por alguma motivação racional, que poderia ser mudada com argumentos também racionais. Não! São como as crenças místicas, religiosas, mágicas ... Por mais que elas se choquem com a realidade, muitas pessoas preferem acreditar nelas, talvez porque isso lhes dê mais segurança ou conforto, talvez porque seja uma espécie de opção ideológica, talvez porque elas queiram apenas questionar a realidade por birra ou pela necessidade de brigar, “ser do contra”, discutir. Talvez seja fanatismo ou facciosismo.
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Uma observação sobre o
dia do solstício.
O dia do solstício pode
variar de um ano a outro. Como dito, o solstício de vberão do Hemisfério Sul cai entre os dias 21 e 23 de dezembro, dependendo do ano. Mas isso nada tem a ver com algum movimento da Terra,
mas, sim, com nossa forma de contar os dias.
Por exemplo, se um ano
bissexto deixasse de ser bissexto, todos os fenômenos (meteorológicos, astronômicos, naturais,,,) posteriores a 28 de fevereiro cairiam um dia do calendário mais para a frente.
Por exemplo, uma chuva que deveria cair no dia 29 de fevereiro cairia no dia 1
de março, já que o 29 de fevereiro desapareceu. As plantas que iriam florescer um determinado dia se fevereiro tivesse 29 dias, floresceriam, no nosso calendário, um dia depois.
Outro exemplo, ainda. O
solstício de verão no Hemisfério Sul e de inverno no Hemisfério Norte cairá no
dia 21 de dezembro no Brasil e 22 de dezembro no Japão.
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